quinta-feira, 10 de novembro de 2011

COMEÇOU A DANÇA DAS CADEIRAS NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2012!

“A sociologia é uma ciência que nasce ‘torturada’
 pela necessidade de explicar as transformações sociais”.
(José de Souza Martins)

Encerrou no último dia 16 de outubro de 2011 o prazo final da justiça eleitoral para que fossem feitos todos os ajustes nas listas dos filiados dos partidos políticos que vão concorrer às eleições municipais no dia 07 de outubro de 2012. No Brasil ainda não temos uma tradição partidária de filiações orgânicas e de partidos com conteúdos programáticos pertencentes a uma democracia participativa. Assim, é natural vermos migrações de “elites políticas” [1] pertencentes à “classe política” [2] migrar de sigla pra sigla na disputa pelo poder em véspera as eleições, de acordo com seus interesses eleitorais. Desde o início do ano que as lideranças partidárias vêm se movimentando com esse objetivo. Em Igarapé-Miri, aconteceram inúmeras danças das cadeiras”, autoridades, ex-autoridades, lideranças dissidentes e novatos na vida política partidária migraram de um partido para outro, fortalecendo ou até mesmo criando, estreando ou “refundando” novas agremiações partidárias no município.
Desta forma, para as eleições municipais que se aproximam, teremos a presença de cerca de 20 partidos na disputa eleitoral em Igarapé-Miri. Uns já conhecidos, outros ainda não e outros acompanhando a nova reorganização centro-direita da política brasileira que pela força política de suas mais novas “elites políticas” vão se aventurar pela primeira vez com sua nova sigla no jogo político local: PSDB, DEM, PPS, PSD, PSDC, PDT, PTB, PTdoB, PV, PMDB, PTL, PT, PTC, PSC, PTN, PR, PCdoB, PSB, PRB, PSOL...
DAS PRINCIPAIS MUDANÇAS PARTIDÁRIAS
As principais e mais importantes mudanças partidárias miriense deram-se em acordo com a força das “oligarquias regionais” e aconteceram de certa forma surpreendente e paradoxal. Inicialmente trataremos de posicionar nas fileiras partidárias os possíveis candidatos que comporão às chapas majoritárias (Prefeito e Vice) e em seguida formar entre os partidos, possíveis chapas proporcionais (Vereadores) que pelo “capital político” de cada uma deverão sair em busca de coalizões dentro da política aliança possível para abocanhar o maior numero das - agora - 13 vagas disponíveis na Câmara de Vereadores.   
Tomaremos como ponto de partida o recém-criado e mais novo partido (PSD) que vem arregimentando, Brasil afora, filiados ilustres, em suas maiorias dissidentes do DEM e do PSDB, para tratar em seguida de dois dos mais conhecidos e antigos partidos de nossa democracia brasileira que são o PMDB e o PTB.
A um ano das eleições, a ex-gestora municipal Dilza Pantoja teve que migrar do PMDB para o PSD pela imposição da força jardista de fazer política coronelista, seguida da maioria de seus colegas de sigla, que tiveram que migrar do PMDB para outros partidos, ou seja, Dilza Pantoja atualmente pertence às fileiras do novo PSD.
Seguindo a dança das cadeiras, o atual vice-prefeito Francisco Pantoja migrou do PTB para o PMDB pela imposição da força do Pastor Josué Bentson (PTB) e seu fazer política arrebatador (inclusive vencendo o Prefeito de Belém, Duciomar Costa, na disputa da presidência estadual do partido) juntamente com seus colegas de sigla, que agora são todos correligionários de Jader Barbalho (PMDB).
Vale destacar que, quem também aproveitou a migração interna entre os partidos foi Graça Leão (ex-PSDB) membro da “elite política dos Leões em Igarapé-Miri”, que agora também pertence às fileiras do PMDB.
Por último, seguindo a trajetória de migração, o Pastor Amorin migrou do PSOL para o PTB, por ser antigo correligionário e pertencente à mesma Igreja do Pastor Josué Bentson, que lhe presenteou com a sigla do PTB em Igarapé-Miri.
Após as danças das cadeiras entre os partidos, no mês passado, temos a possibilidade de configurar cenários de possíveis alianças, polarizações e disputas para as eleições municipais de 2012. De fato essas mudanças devem influenciar na formatação das chapas majoritárias e proporcionais, no entanto não deverá ter muita novidade quanto à política de aliança, coalizões e polarizações de chapas entre os partidos dentro do jogo eleitoral.
 O cenário político é suscetível a surpresas, pode se configurar um cenário de quatro chapas majoritárias (quatro candidaturas a Prefeito), no entanto, o que tem prevalecido na política paraense e miriense é sempre um cenário de polarização entre duas chapas. Nesse caso, o PT e seus aliados históricos e conjunturais (que já governou o Estado e hoje governa o município) e o PSDB e seus também aliados históricos e conjunturais (que outrora influenciou majoritariamente no governo municipal e agora governa o Estado).
As chapas anunciadas até agora parecem confirmar o cenário de aliança entre o PT e agora o PMDB e demais partidos aliados (PSB, PSC...). E por outro lado o PSDB e agora PSD e demais partidos aliados (DEM, PPS, PTB), indicando uma tendência a polarização entre as chapas do PT/PMDB e PSDB/PSD.
Mas como já se frisou antes, poderá sim haver outras vias de alternativas no jogo político e, portanto uma reconfiguração de política de aliança e aliados entre o PT (partido do Prefeito) e o PSDB (partido do Governador) ou ainda a confirmação de terceira ou quarta via formadas por outras elites políticas dentro da classe política miriense. Tais possibilidades estão relacionadas, por exemplo, a possível candidatura isolada do DEM que veementemente se coloca na disputa, ou ainda a possível aliança do PTB e PPS e outros partidos recém-criados e refundados se colocando como mais uma alternativa.
Vamos esperar até junho para confirmar nossas hipóteses. Sabemos que há outros movimentos, de um lado do ex-vice-prefeito Joca Pantoja e sua tradição familiar busca se recolocar no cenário, como também movimento de dissidentes do PT que aderiram ao programa jordysta e foram para o PPS na tentativa de articular uma terceira ou quarta via para a disputa eleitoral.
No mesmo passo das eleições majoritárias, as eleições proporcionais também terão mudanças importantes com a nova dança das cadeiras. Dos atuais 10 vereadores do município: 3 PMDB, 2 DEM, 2 PT, 1 PR, 1 PSB e 1 PV.  Além da mudança de comando do PMDB que, para os atuais vereadores parece não ter nenhum problema, um dos vereadores do DEM migrou para o PMDB.
Houve também intensa migração de “agentes políticos”[3]  para o redirecionado PSC que hoje absorve um bom número de candidatáveis a vereador (muitos eram suplentes dos mandatos atuais) dissidentes de diversos partidos, ao qual concorreu o pleito de 2008. Dos partidos citados acima muitos deverão sumir do mapa das eleições de 2012, é o caso do PTN que alojava o ex-vereador Vavá Martins que hoje migrou para o PSC. Essa constatação revela uma tendência de partidos tradicionais na política local terem problemas de coeficiente eleitoral e, portanto, estarem propensos à caça de partidos aliados para a política de alianças nas eleições proporcionais, dificultando a indicação de quem coligará com quem na chapa de vereadores.
Por fim, abriram-se as negociações de quem coliga com quem na disputa do maior número de vagas a Câmara de Vereadores e quem fará a chapa majoritária vitoriosa nas eleições municipais de 2012. Essa configuração também deverá impor, a partir do maior capital político na coalização da futura base aliada do próximo governo, os cenários sucessórios do poder local miriense.


[1] Corrêa, Edson de Jesus Antunes. Leões do Norte: elite Política em Igarapé-Miri, UFPA/2004.
[2] Idem
[3] Ver Bourdieu, 1980.

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