As
transformações que ocorreram no território do Baixo Tocantins, uma sub-região tradicionalmente
ribeirinha, em suas Cidades
Ribeirinhas, são expressas com base na proposição de urbanização da sociedade que se
realiza para além da forma espacial cidade e se materializa, igualmente, no
campo. Trata-se de uma forma de urbanização que não se pauta em dados de
população (urbanização da população), como sugere o IBGE, mas que por meio de
expansão de objetos técnicos se difunde no território (urbanização do
território), e principalmente se insere como modo de vida (urbanização da
sociedade) e como prática cotidiana na sociedade.
Dentre as principais características dos municípios
situados à jusante da UHE de Tucuruí, no rio Tocantins, destaca-se a natureza
ribeirinha da população local, traduzida, igualmente, para o plano de sua
organização espacial - herança de uma forma dendrítica de rede urbana -, a
despeito de outras formas de circulação que mais recentemente passam a
articular essas realidades locais ao restante da região. Na sua maioria
recentemente emancipados e com forte influência da dinâmica das rodovias e da
mobilidade da força de trabalho recém-chegada à região amazônica, os núcleos
urbanos - cidades e vilas - situados à jusante, apresentam uma forte presença
de populações tradicionais e de origem local que
traduzem uma forte relação com o rio, não simplesmente por estarem localizados
às margens deste, mas principalmente por apresentarem uma interação funcional
(a exemplo da circulação fluvial), de subsistência material (fonte de recursos
alimentares) e simbólica (imaginário sócio-cultural) (TRINDADE JR., 2003, apud:
CARDOSO, 2005).
O lugar
(cidade-região) a qual nos referimos é possuidor de uma historicidade e cultura
de um local que ao mesmo tempo é urbano/rural, municipal/regional moderno e
tradicional. A homogenização imposta pela economia de mercado tem buscado na
"modernidade capitalista" a única e incontestável alternativa para o
desenvolvimento das sociedades. Será que não poderemos ter outras alternativas?
Qual nosso real potencial?