O DESENCANTO DO BOTO: DISMISTIFICANDO O MITO
DO “BELO RAPAZ” DE OLHOS AZUIS E CABELO ANGELICAL ENCARACOLADO.
Edson Antunes[1]
No ano de 1994 escrevi a
respeito da família Leão[2]
um exemplo clássico de “elite política”
pertencente a “classe política miriense” que se utilizando do elemento
estratégico engenho de cana-de-açúcar se reproduziu e se manteve no poder por décadas,
ao articular o poder econômico para chegada ao poder político. Esse fenômeno de
cultura política da sociedade amazônica tem sua herança nas relações sociais
prevalecentes do compadrio, aviamento, assistencialismo e paternalismo imposta
desde a sua ocupação colonizadora e perpetuada pelos seus velhos e novos “coronéis”
até hoje em regiões mais pobres.
Tenho observado o
espetáculo dos “jovens marqueteiros de quarto fechado” e/ou dos midiáticos emergentes
de plantão nas redes sociais, afirmarem que a sociedade miriense tem em sua
essência uma tendência à mudança e renovação política. Ora, a produção de
informação e conhecimento científico ou do senso comum, não está livre de
determinada visão de mundo e pré-noções, uma vez que já se foi desmistificado o
instituto da neutralidade.
De fato, os fenômenos
políticos do Baixo-Tocantins se
apresentam na contramão dos pressupostos de sistemas políticos abertos no qual
a alternância de poder é pré-requisito para o processo democrático do jogo
político eleitoral contemporâneo em que há ampla disputa das forças políticas
pelo poder seja em escala local, estadual ou nacional. Contudo, no caso
particular miriense, deve-se considerar alguns fatos ocorridos nas eleições
municipais de 2012 que revelaram como as “elites políticas” se articulam e
rearticulam no campo de composição da classe política. Apresento para o debate
três questões chaves para a volta de antigas elites políticas ao poder miriense:
a)
A
ideia-força do mito criado em torno do “super-herói” que resolve tudo unificou “as
elites políticas”, seus eleitores e simpatizantes da ampla coalização da
direita miriense;
b)
O
aparelhamento de vários instrumentos sobre a governabilidade dos representantes
locais do projeto político estadual que governa o Pará;
c)
A
polarização de duas candidaturas tornou o pleito muito mais acirrado e
“perigoso” para o exercício e manifestação do voto dentro de processo de
escolha democrática;
Com a análise de fatos ocorridos nas eleições
municipais de 2012, da transição de governo e da prática inicial da atual
gestão espera-se com este ensaio colaborar para a compreensão dos futuros cenários
políticos da sociedade miriense.
Ao se analisar o estagio
de desenvolvimento miriense de um capitalismo tardio e mercantil de base
agro-extrativista, em seu portfólio de detentores do poder econômico e político
miriense desde o período de intendência até hoje, percebe-se claramente que as
elites econômicas são as mesmas elites políticas. Portanto, encontra-se aqui e
não em factoides midiáticos a explicação dos fundamentos da miséria estrema e
da pobreza da população em nossos quase 300 anos de “ocupação colonizadora” e
167 de instalação de município (25/07/1845).
Utilizando-se do poder
simbólico de um marketing “criador destrutivo”, o ideário do governo botiano centrou-se na exploração da
“desgraça alheia” o que está estampado no lema do slogan da nova gestão “a
grande obra é cuidar do povo”, foi essa ideia-força inclusive que contrapôs e
venceu a ideia-força de continuidade da administração piniana, criando um ser sobrenatural, um mito, um super-herói para resolver
as desigualdades sociais, políticas e econômicas causadoras da violência generalizada
e insegurança pública da sociedade miriense.
O fato das elites políticas
de direita, mesmo a contragosto de alguns, ter se unificado no nome do
candidato da colaizaão, identifica as razões da chegada ao poder pelo poder.
Assim, a qualquer custo aparelhou-se todos os instrumentos disponíveis sobre a
governabilidade do projeto político, permitidos ou não no jogo político
eleitoral, para assegurar o que bestificado assisto chamar de “tendência à
mudança” da sociedade miriense.
Hoje 01/03/2012 se inicia
o terceiro mês do primeiro ano do governo “De mãos dadas com o povo”, da
“política botiana” vencedora das últimas eleições municipais em Igarapé-Miri.
Muitos “agentes” do “campo” político de esquerda, centro, direita ou da
esquerda-centro ou centro-direita, têm declarado sua frustração ou otimismo a
respeito das ações da nova gestão municipal. Quando me indagam ou me instigam a
dizer o que penso, costumo afirmar “que todo governo seja lá qual for a cor tem
seus 90 dias de carência para se organizar no poder”, até que façamos as
primeiras avaliações do que poderá vir a ser sua gestão. Portanto, “há
governos que fedem, outros que cheiram, há aqueles que ainda vão feder ou
cheirar ou que nunca irão feder e nunca irão cheirar”, neste caso “É cedo demais para dizer
adeus!”.
A coalização da “elite
política da direita” ganhou o jogo político dentro das regras legais
estabelecidas e desfruta da legitimidade para o exercício do poder para o
mandato do quadriênio 2013-2016, “e até que se prove ao contrário” pelo julgamento
das várias ações encaminhadas pela coalização da “elite política de
esquerda-centro” ou outro fato político relevante seguirá colocando em prática
seu programa de governo e suas promessas de campanha, ou seja, seu modo de
governar.
Antes de analisar as práticas
iniciais do governo botiano (composição
de variados subgrupos políticos da Cidade e do Distrito Maiauatá) um fato em
especial merece destaque por se tratar do desenho do modelo de gestão e do trato
com a coisa pública que a nova administração pretende desconstruir e/ou
construir a frente dos poderes executivo e legislativo do município. Trata-se
do famoso decreto nº 002/2013 que dispõe sobre a situação de emergência do
município em início de mandato em todas as áreas da
administração pública e determina Dispensa
de Licitação com fundamento de dispositivo da lei n° 8.666/93 para
atender demandas da administração municipal, alegando entre outros pontos que a
atual administração recebeu o município sem recursos financeiros, documentos
administrativos, contábeis (...) que os processos licitatórios para a aquisição de produtos e serviços para todas as áreas da
Administração, como combustível, medicamentos, material de consumo e materiais de
construção, na modalidade Convite ou mesmo Tomada
de Preços, demanda algum tempo, em virtude dos prazos exigidos.
Contra
fatos não há argumentos, toda a sociedade miriense é sabedora, pois foi
noticiado na “verdade em primeiro lugar” a composição das comissões de
transição, relatou-se reuniões onde aconteciam
os repasses das informações. Conclui-se assim, o verdadeiro intuito do decreto,
em que nos parece, falsificar acontecimentos para burlar a lei com objetivo de privilegiar
grupos aliados antes prometidos.
Consta-se
a notoriedade da prática da nova gestão de falsificar a realidade e encontrar
culpados para sua própria “ausência” no comando da poder público,
alardeando pelos quatros canto do município seu “perfil” de “prefeito
da rua”. Quero ver a explicação dos que me acusam de “estrabismo
do movimento histórico” em não
poder negar o “nepotismo déspota” e “totalitarismo autoritário” materializado
no assento diário da cadeira do gabinete do prefeito da prole do titular e por
ele despachando como chefe do poder executivo.
Pois
bem, muitas comparações já foram feitas das obras e ações realizadas pelos então
governos piniano pertencente a “elite politica esquerda-centro” e
governo dilziano pertencente a “elite política de direita”, que agora
tem sua continuidade no governo botiano, este último ainda não se pode avaliar para comparar devido ao
tempo no exercício do poder. Mas pretende-se aqui desmistificar “falsas
verdades que tentam impor a todo custo através da mídia aliada”.
A
população miriense sempre sonhou com o asfaltamento da Av. Sesquecentenário,
governos passaram e muito pouco foi priorizado para aquela que poderá ser a
principal via de acesso de nossa cidade, se cada governo tivesse feito parte desse sonho, logo esta tornar-se-ia
realidade. A “elite política da direita” tem propagandeado que somente agora
conseguirá tal feito e “pasmem” com recursos do governo federal, oriundos da
Eletronorte (ELN) e com o apoio do governo do Estado.
O
que se tem conhecimento público é que os recursos da Eletronorte empresa do
governo federal, fazem parte da política de compensação aos municípios
impactados pelos danos ambientais caudados pela UHE-Tucurui e são inclusos anualmente
na dotação orçamentária da empresa, tal como a construção das escolas padrão de
Vila Icatu e Vila Mauaiatá em execução no município. Para os próximos anos,
após ampla negociação foi garantido pela administração piniana que inclusive
presidia o CONJUS, conselho gestor dos recursos, obras como: o novo complexo administrativo na ordem de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de
reais) e o asfaltamento de vias em
Igarapé-Miri na ordem de R$ 3.120.000,00 (três milhões e cento e vinte mil
reais). Então, se o governo do Estado do Pará irá complementar a obra da Av.
Sesquicentenário pelo apoio ao governo botiano é bom que esclareça o volume
de recursos que irá disponibilizar para o município de Igarapé-miri que até
agora após mais de dois anos ainda espera tal feito.
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