sexta-feira, 1 de março de 2013

O DESENCANTO DO BOTO: DISMISTIFICANDO O MITO DO “BELO RAPAZ” DE OLHOS AZUIS E CABELO ANGELICAL ENCARACOLADO.



O DESENCANTO DO BOTO: DISMISTIFICANDO O MITO DO “BELO RAPAZ” DE OLHOS AZUIS E CABELO ANGELICAL ENCARACOLADO.
Edson Antunes[1]
No ano de 1994 escrevi a respeito da família Leão[2]  um exemplo clássico de “elite política” pertencente a “classe política miriense” que se utilizando do elemento estratégico engenho de cana-de-açúcar se reproduziu e se manteve no poder por décadas, ao articular o poder econômico para chegada ao poder político. Esse fenômeno de cultura política da sociedade amazônica tem sua herança nas relações sociais prevalecentes do compadrio, aviamento, assistencialismo e paternalismo imposta desde a sua ocupação colonizadora e perpetuada pelos seus velhos e novos “coronéis” até hoje em regiões mais pobres.
Tenho observado o espetáculo dos “jovens marqueteiros de quarto fechado” e/ou dos midiáticos emergentes de plantão nas redes sociais, afirmarem que a sociedade miriense tem em sua essência uma tendência à mudança e renovação política. Ora, a produção de informação e conhecimento científico ou do senso comum, não está livre de determinada visão de mundo e pré-noções, uma vez que já se foi desmistificado o instituto da neutralidade.  
De fato, os fenômenos políticos do Baixo-Tocantins  se apresentam na contramão dos pressupostos de sistemas políticos abertos no qual a alternância de poder é pré-requisito para o processo democrático do jogo político eleitoral contemporâneo em que há ampla disputa das forças políticas pelo poder seja em escala local, estadual ou nacional. Contudo, no caso particular miriense, deve-se considerar alguns fatos ocorridos nas eleições municipais de 2012 que revelaram como as “elites políticas” se articulam e rearticulam no campo de composição da classe política. Apresento para o debate três questões chaves para a volta de antigas elites políticas ao poder miriense:
a)      A ideia-força do mito criado em torno do “super-herói” que resolve tudo unificou “as elites políticas”, seus eleitores e simpatizantes da ampla coalização da direita miriense;
b)      O aparelhamento de vários instrumentos sobre a governabilidade dos representantes locais do projeto político estadual que governa o Pará;
c)      A polarização de duas candidaturas tornou o pleito muito mais acirrado e “perigoso” para o exercício e manifestação do voto dentro de processo de escolha democrática;
 Com a análise de fatos ocorridos nas eleições municipais de 2012, da transição de governo e da prática inicial da atual gestão espera-se com este ensaio colaborar para a compreensão dos futuros cenários políticos da sociedade miriense.
Ao se analisar o estagio de desenvolvimento miriense de um capitalismo tardio e mercantil de base agro-extrativista, em seu portfólio de detentores do poder econômico e político miriense desde o período de intendência até hoje, percebe-se claramente que as elites econômicas são as mesmas elites políticas. Portanto, encontra-se aqui e não em factoides midiáticos a explicação dos fundamentos da miséria estrema e da pobreza da população em nossos quase 300 anos de “ocupação colonizadora” e 167 de instalação de município (25/07/1845). 
Utilizando-se do poder simbólico de um marketing “criador destrutivo”, o ideário do governo botiano centrou-se na exploração da “desgraça alheia” o que está estampado no lema do slogan da nova gestão “a grande obra é cuidar do povo”, foi essa ideia-força inclusive que contrapôs e venceu a ideia-força de continuidade da administração piniana, criando um ser sobrenatural, um mito, um super-herói para resolver as desigualdades sociais, políticas e econômicas causadoras da violência generalizada e insegurança pública da sociedade miriense.
O fato das elites políticas de direita, mesmo a contragosto de alguns, ter se unificado no nome do candidato da colaizaão, identifica as razões da chegada ao poder pelo poder. Assim, a qualquer custo aparelhou-se todos os instrumentos disponíveis sobre a governabilidade do projeto político, permitidos ou não no jogo político eleitoral, para assegurar o que bestificado assisto chamar de “tendência à mudança” da sociedade miriense.
Hoje 01/03/2012 se inicia o terceiro mês do primeiro ano do governo “De mãos dadas com o povo”, da “política botiana” vencedora das últimas eleições municipais em Igarapé-Miri. Muitos “agentes” do “campo” político de esquerda, centro, direita ou da esquerda-centro ou centro-direita, têm declarado sua frustração ou otimismo a respeito das ações da nova gestão municipal. Quando me indagam ou me instigam a dizer o que penso, costumo afirmar “que todo governo seja lá qual for a cor tem seus 90 dias de carência para se organizar no poder”, até que façamos as primeiras avaliações do que poderá vir a ser sua gestão. Portanto, “há governos que fedem, outros que cheiram, há aqueles que ainda vão feder ou cheirar ou que nunca irão feder e nunca irão cheirar”, neste caso “É cedo demais para dizer adeus!”.
A coalização da “elite política da direita” ganhou o jogo político dentro das regras legais estabelecidas e desfruta da legitimidade para o exercício do poder para o mandato do quadriênio 2013-2016, “e até que se prove ao contrário” pelo julgamento das várias ações encaminhadas pela coalização da “elite política de esquerda-centro” ou outro fato político relevante seguirá colocando em prática seu programa de governo e suas promessas de campanha, ou seja, seu modo de governar.
Antes de analisar as práticas iniciais do governo botiano (composição de variados subgrupos políticos da Cidade e do Distrito Maiauatá) um fato em especial merece destaque por se tratar do desenho do modelo de gestão e do trato com a coisa pública que a nova administração pretende desconstruir e/ou construir a frente dos poderes executivo e legislativo do município. Trata-se do famoso decreto nº 002/2013 que dispõe sobre a situação de emergência do município em início de mandato em todas as áreas da administração pública e determina Dispensa de Licitação com fundamento de dispositivo da lei n° 8.666/93 para atender demandas da administração municipal, alegando entre outros pontos que a atual administração recebeu o município sem recursos financeiros, documentos administrativos, contábeis (...) que os processos licitatórios para a aquisição de produtos e serviços para todas as áreas da Administração, como combustível, medicamentos, material de consumo e materiais de construção, na modalidade Convite ou mesmo Tomada de Preços, demanda algum tempo, em virtude dos prazos exigidos.
Contra fatos não há argumentos, toda a sociedade miriense é sabedora, pois foi noticiado na “verdade em primeiro lugar” a composição das comissões de transição,  relatou-se reuniões onde aconteciam os repasses das informações. Conclui-se assim, o verdadeiro intuito do decreto, em que nos parece, falsificar acontecimentos para burlar a lei com objetivo de privilegiar grupos aliados antes prometidos.
Consta-se a notoriedade da prática da nova gestão de falsificar a realidade e encontrar culpados para sua própria “ausência” no comando da poder público, alardeando pelos quatros canto do município seu “perfil” de “prefeito da rua”. Quero ver a explicação dos que me acusam de “estrabismo do movimento histórico” em não poder negar o “nepotismo déspota” e “totalitarismo autoritário” materializado no assento diário da cadeira do gabinete do prefeito da prole do titular e por ele despachando como chefe do poder executivo.
Pois bem, muitas comparações já foram feitas das obras e ações realizadas pelos então governos piniano pertencente a “elite politica esquerda-centro” e governo dilziano pertencente a “elite política de direita”, que agora tem sua continuidade no governo botiano, este último ainda não se pode avaliar para comparar devido ao tempo no exercício do poder. Mas pretende-se aqui desmistificar “falsas verdades que tentam impor a todo custo através da mídia aliada”.
A população miriense sempre sonhou com o asfaltamento da Av. Sesquecentenário, governos passaram e muito pouco foi priorizado para aquela que poderá ser a principal via de acesso de nossa cidade, se cada governo tivesse feito  parte desse sonho, logo esta tornar-se-ia realidade. A “elite política da direita” tem propagandeado que somente agora conseguirá tal feito e “pasmem” com recursos do governo federal, oriundos da Eletronorte (ELN) e com o apoio do governo do Estado.
O que se tem conhecimento público é que os recursos da Eletronorte empresa do governo federal, fazem parte da política de compensação aos municípios impactados pelos danos ambientais caudados pela UHE-Tucurui e são inclusos anualmente na dotação orçamentária da empresa, tal como a construção das escolas padrão de Vila Icatu e Vila Mauaiatá em execução no município. Para os próximos anos, após ampla negociação foi garantido pela administração piniana que inclusive presidia o CONJUS, conselho gestor dos recursos, obras como: o novo complexo administrativo  na ordem de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) e o asfaltamento de vias em Igarapé-Miri na ordem de R$ 3.120.000,00 (três milhões e cento e vinte mil reais). Então, se o governo do Estado do Pará irá complementar a obra da Av. Sesquicentenário pelo apoio ao governo botiano é bom que esclareça o volume de recursos que irá disponibilizar para o município de Igarapé-miri que até agora após mais de dois anos ainda espera tal feito.


[1] Sociólogo, mestre em planejamento do desenvolvimento e doutorando em sociologia PPGCS/UFPA. http://edsonantunessociologo.blogspot.com.br
[2] Leões do Norte. Elite política em Igarapé-Miri. TCC do curso de Ciências Sociais com ênsafe em Ciência Política/UFPA, Belém, 1994.

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