quinta-feira, 16 de abril de 2020

Solicitação de instalação de Hospital de Campanha para combate à Covid-19 na região do Baixo Tocantins/PA.

Cametá, 02 de abril de 2020

A Sua Excelência
Senhor HELDER ZAHLUTH BARBALHO
Governador do Estado do Pará
gabinetedogovernador@palacio.pa.gov.br;
para.governo@gmail.com;
Palácio dos Despachos “Benedicto Wilfredo Monteiro”, Av. Doutor Freitas, 2.531
Marco - 66087-812, Belém - PA
(91) 3216-8829 / 3342-5663
  
C/C Ex. Sr. ALBERTO BELTRAME
Secretário de Estado de Saúde Pública

Ref.: Solicitação de instalação de Hospital de Campanha para combate à Covid-19 na região do Baixo Tocantins/PA.


Excelentíssimo Governador do Pará,

 Nós, ribeirinhos, pescadores, agricultoras familiares, quilombolas, estudantes, professores, servidores públicos, vereadores, organizações sindicais, sociais e populares dos seis municípios da região do Baixo Tocantins (Cametá, Limoeiro do Ajuru, Oeiras do Pará, Baião, Igarapé Miri e Mocajuba), vimos pelo presente inicialmente externar a vossa excelência a preocupante situação quanto à infraestrutura do sistema de saúde ao combate à Covid-19 de nossa região.  
Considerando que o novo coronavírus e seu avanço no mundo ainda está no começo e que, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde no Brasil (OPAS/Brasil), com dados de 29 de março de 2020, “Foram confirmados no mundo 634.835 casos de COVID-19 (63.159 novos em relação ao dia anterior) e 29.957 mortes (3.464 novas em relação ao dia anterior) até 29 de março de 2020”[1]. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, já existem 4.256 casos confirmados, com 136 óbitos e apenas 06 pessoas recuperadas portanto já há “[...] transmissão comunitária da COVID-19 em todo o território nacional”[2].
No Pará, segundo dados da SESPA, obtidos em 30 de março de 2020, são 21 casos confirmados e 104 em análise; até o momento não há óbitos pelo novo coronavírus, mas, estima-se que possam morrer 35.460 pessoas pela COVID-19[3].
A pandemia de COVID-19, doença que ataca com rapidez os pulmões, prejudicando o sistema respiratório, e que pode causar a morte, é uma realidade mundial. Do ponto de vista epidemiológico, a melhor forma de diminuir os números de casos e, consequentemente, de mortes, é pelo distanciamento social, sendo o ISOLAMENTO SOCIAL HORIZONTAL (que significa todos e todos/as isolados/as e não somente pessoas de grupo de risco) ainda é a melhor forma de se evitar milhares de mortes e o colapso do sistema de saúde, devendo-se também continuarmos com os cuidados de higiene de mãos, objetos e ambientes.
Estamos nos mobilizando em rede, unidos e empenhados na campanha, “CONTINUEM EM CASA”, principalmente considerando que o número de casos pode dobrar a cada 3 dias em média e o número de mortes pode ser em cerca de 4% dos infectados, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2020), além do que 15% das pessoas podem adoecer de forma grave, sendo necessário Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para sobrevivência.
Em nossa Região do Baixo Tocantins, constituída por muitas ilhas, vilas, distritos, setor de estradas, rios, igarapés, furos, comunidades ribeirinhas, extrativistas, quilombolas, com povos tradicionais desta Amazônia vivendo em Cametá, Mocajuba, Oeiras do Pará, Limoeiro do Ajuru, Baião e Igarapé-Miri, com uma população total de mais de 340.600 habitantes (dados populacionais oriundos do site IBGE, 2019), não há UTIs nos hospitais dessa região e o número de respiradores artificiais não chega a 30, até o momento, de maneira que é preciso continuar evitando o avanço da epidemia, para que o sistema público de saúde tenha condições de responder aos casos do novo coronavírus que forem ocorrendo na região.
Em seguida, diante do quadro exposto acima, vimos, veementemente, solicitar em caráter de urgência a instalação de um Hospital de Campanha para combate dos casos mais graves da Covid-19 na Região do Baixo Tocantins/PA com o objetivo de salvar vidas, pois É PRECISO CUIDAR DA VIDA, abarcando, de imediato, os seis municípios em questão, mas também outros em adjacência, a exemplo dos que estão por serem instalados em Belém, Marabá, Breves e Santarém, principalmente quando se considera a geografia da região, assim como o fato de que a maioria da população vive em territórios rurais, não sendo nada fácil se deslocar para Belém, caso haja necessidade. Essa é a função de um Estado. E a vida deve ser preservada acima de tudo, envolvendo todos e todas. 
Na certeza de sermos atendidos em nosso pleito, dado o empenho que Vossa Excelência vem tendo junto ao combate ao Coronavírus no Estado, subscrevemo-nos.
Atenciosamente,


Carmen Helena - Secretária Geral da CUT/Brasil
Euci Ana da Costa – Presidente da CUT/PA
Dom José Altervir da Silva - Bispo da Diocese de Cametá
Doriedson Rodrigues - Coord. do Campus de Cametá/UFPA
Benedita Carvalho Gonçalves – Regional Tocantina da FETAGRI/PA (autorizado)

SINTEPP – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Pará

SINDSAÚDE/PA (autorizado)

União Nacional dos Estudantes/Diretora de Políticas Públicas p/Juventude (autorizado)

ADUFPA/Cametá (autorizado)

Levante Popular da Juventude (autorizado)

Coletivo Para Todos (autorizado)

CPP - Conselho Pastoral dos Pescadores (autorizado)

Associação Ribeirinha de Cametá – ARC (autorizado)

MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens (autorizado)

Cooperativa Auto gestora de empreendimentos de Cametá – COOPACC (autorizado)

Colônia de pescadores Z-16

Associação dos Pescadores Artesanais do município de Cametá – APAMUC (autorizado)

Associações de quilombolas de....oeiras/Baiao

Associações de Mulheres de Igarapé-Miri (autorizado)      



[1]Fonte:https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875. Acesso em 30 de março de 2020.
[2]Fonte:https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875. Acesso em 30 de março de 2020. 
[3]Segundo o Potential Impact of COVID-19 on Human Mortality tool – PICHM,2020

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