quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Elite no Brasil vê renda crescer até o triplo do observado entre o restante da população Grupo que representa fatia 0,01% mais rica vê ganhos quase dobrarem entre 2017 e 2022.


Elite no Brasil vê renda crescer até o triplo do observado entre o restante da população Grupo que representa fatia 0,01% mais rica vê ganhos quase dobrarem entre 2017 e 2022.

https://www.folha.uol.com.br/ - 16.jan.2024 às 23h15 -Adriana Fernandes

- A renda de 15 mil pessoas pertencentes ao topo da pirâmide social no Brasil cresceu nos últimos anos até o triplo do ritmo observado entre o restante da população, elevando a concentração da riqueza ao fim do governo Jair Bolsonaro (PL).

- Entre essa elite, que representa 0,01% da população, o crescimento médio da renda praticamente dobrou (96%) entre 2017 e 2022.

- Enquanto isso, os ganhos da imensa maioria da população adulta (os 95% mais pobres) não avançaram mais do que 33% - pouca coisa acima da inflação do período (31%). 

- A conclusão está em nota técnica elaborada pelo economista Sérgio Gobetti, publicada pelo Observatório de Política Fiscal do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).

- É o primeiro cálculo da concentração no topo da pirâmide no Brasil feito após a divulgação de dados mais detralhados das declarações do IR (imposto de Renda) pela Receita Federal.

- Com essas informações, foi possível verificar quanto ganha as pessoas mais rica do país e comparar com a evolução da renda de todos os brasileiros, apurados pelo IBGE.

 

- Ao ampliar a análise para identificar a renda do grupo 0,1% mais rico, formado por cerca de 154 mil pessoas, Gobetti constatou que ela cresceu em média 87% entre 2017 e 2022.O ganho mensal desses brasileiros subiu de R$ 236 mil para R$ 441 mil nos cinco anos do levantamento.

- Na fatia 1% mais rica, o crescimento também foi alto, de 67%. Entre os 5% com mais ganhos, de 51%.

- Para o economista, os cálculos preliminares apontam que a concentração chegou a níveis inéditos.

Ao que tudo indica, o nível de concentração de renda no topo bateu um novo recorde histórico, depois de uma década de relativa estabilidade da desigualdade”, afirma o economista.

- Gobetti ressalta que a proporção do bolo da renda nacional apropriada pelo 1% mais rico da sociedade brasileira cresceu de 20,4% para 23,7% - ou seja, mais de três pontos percentuais, o que é considerado muito para um período tão curto de tempo.

- Entre os fatores que explicam o crescimento da renda na elite, Gobetti destaca dois em especial: os ganhos com a atividade rural (parcialmente isentas), que cresceu especialmente entre os mais ricos, e o aumento do valor distribuído em forma de lucros e dividendos, que passou de R4 371 bilhões em 2017 para R$ 830 bilhões em 2022.

- A revogação da atual isenção sobre dividendos é o principal ponto da proposta de reforma da tributação da renda que o governo Luís Inácio Lula da Silva (PT) deve enviar até março para o Congresso, conforme previsto pela emenda constitucional da reforma recentemente promulgada.

- A emenda deu prazo de 90 dias para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enviar a reforma da renda e do patrimônio e 180 para a proposta de regulamentação das mudanças nos impostos sobre o consumo, aprovadas no final do ano passado pelo Congresso.

- As duas propostas devem disputar espaços nas negociações do Congresso. Interlocutores do governo admitem que a votação das mudanças no IR pode ficar para 2025. Haddad quer reformar o IR para eliminar as brechas de elisão usadas pelos mais ricos e, ao mesmo tempo, aumentar a arrecadação sobre a renda. Unir o útil ao agradável, como afirmar os técnicos do Ministério da Fazenda.





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